Patrícia Acioli,
Judiciário e verdade
Já fui cunhado da juíza assassinada Patrícia Acioli (era
casado com uma irmã dela), uma juíza impressionantemente
generosa e idealista. Como todos devem ter acompanhado pelo
noticiário, desde que aconteceu o hediondo assassinato a
cúpula do TJ/RJ tem insistido na versão de que a própria
Patrícia abrira mão da segurança. Trata-se de versão
no mínimo inverossímil. Há alguns meses, as ameaças
de morte contra Patrícia foram matéria de primeira
página de uma edição dominical de O Globo, e nela
Patrícia não quis mostrar o seu rosto, aparecendo apenas
uma figura sombreada. É claro que se ela não estivesse
seriamente preocupada com a sua segurança (e a de sua
família), não teria escondido o rosto. Mas apesar do
discurso defensivo e sem transparência do TJ/RJ, a verdade
— que a família conhecia perfeitamente — foi
aparecendo ao longo da semana, por meio de vários documentos.
Na sexta-feira à noite, descobriu-se mais um documento até
então desconhecido (o doc. que segue anexo), qual seja, o
andamento de um processo administrativo referente à
segurança de Patrícia (2008.231986) , em que consta a
seguinte decisão, datada de 17/02/09: “De ordem do Exmo.
Des. Luiz Zveiter, Presidente do TJ/RJ, e ante ao que consta da
informação de fls. 91, determino o arquivamento do presente
feito, por não se vislumbrar a necessidade de adoção de
qualquer medida extraordinária de segurança. Oficie-se à
magistrada que subscreve fls. 02 informando o teor da presente
decisão, remetendo-se cópia de fls. 90 e 91.” O que
consta integralmente nesse processo administrativo?
Desconheço. Mas qual a razão de o TJ/RJ ter omitido por
completo a existência do processo?
Pior. Ontem (20/08), como pessoa próxima a Patrícia, fui
chamado para dar uma entrevista ao Jornal da Record, exibido aos
sábados às 18:30 horas. Na entrevista, dada cerca de 16:00
horas na Praia de Icaraí (defronte a uma cruz que lembra o
assassinato de Patrícia), com várias testemunhas, critiquei
a postura do TJ/RJ e mencionei o documento que segue anexo. Para
minha surpresa, pouco antes do horário marcado para a
entrevista ir ao ar, recebi um telefonema bastante constrangido
da jornalista a quem prestei a entrevista, dizendo que, por ordem
da direção nacional da emissora, a entrevista não seria
exibida.
Um Poder que tem por missão julgar há de saber também
julgar os seus próprios atos e reconhecer os seus erros. Um
Poder Judiciário sem autocrítica e com medo da verdade é
algo extremamente preocupante para toda a população.
Em homenagem à memória de Patrícia, peço que
retransmitam esta mensagem ao maior número possível de
destinatários.
José Augusto Garcia de Sousa.
Judiciário e verdade
Já fui cunhado da juíza assassinada Patrícia Acioli (era
casado com uma irmã dela), uma juíza impressionantemente
generosa e idealista. Como todos devem ter acompanhado pelo
noticiário, desde que aconteceu o hediondo assassinato a
cúpula do TJ/RJ tem insistido na versão de que a própria
Patrícia abrira mão da segurança. Trata-se de versão
no mínimo inverossímil. Há alguns meses, as ameaças
de morte contra Patrícia foram matéria de primeira
página de uma edição dominical de O Globo, e nela
Patrícia não quis mostrar o seu rosto, aparecendo apenas
uma figura sombreada. É claro que se ela não estivesse
seriamente preocupada com a sua segurança (e a de sua
família), não teria escondido o rosto. Mas apesar do
discurso defensivo e sem transparência do TJ/RJ, a verdade
— que a família conhecia perfeitamente — foi
aparecendo ao longo da semana, por meio de vários documentos.
Na sexta-feira à noite, descobriu-se mais um documento até
então desconhecido (o doc. que segue anexo), qual seja, o
andamento de um processo administrativo referente à
segurança de Patrícia (2008.231986) , em que consta a
seguinte decisão, datada de 17/02/09: “De ordem do Exmo.
Des. Luiz Zveiter, Presidente do TJ/RJ, e ante ao que consta da
informação de fls. 91, determino o arquivamento do presente
feito, por não se vislumbrar a necessidade de adoção de
qualquer medida extraordinária de segurança. Oficie-se à
magistrada que subscreve fls. 02 informando o teor da presente
decisão, remetendo-se cópia de fls. 90 e 91.” O que
consta integralmente nesse processo administrativo?
Desconheço. Mas qual a razão de o TJ/RJ ter omitido por
completo a existência do processo?
Pior. Ontem (20/08), como pessoa próxima a Patrícia, fui
chamado para dar uma entrevista ao Jornal da Record, exibido aos
sábados às 18:30 horas. Na entrevista, dada cerca de 16:00
horas na Praia de Icaraí (defronte a uma cruz que lembra o
assassinato de Patrícia), com várias testemunhas, critiquei
a postura do TJ/RJ e mencionei o documento que segue anexo. Para
minha surpresa, pouco antes do horário marcado para a
entrevista ir ao ar, recebi um telefonema bastante constrangido
da jornalista a quem prestei a entrevista, dizendo que, por ordem
da direção nacional da emissora, a entrevista não seria
exibida.
Um Poder que tem por missão julgar há de saber também
julgar os seus próprios atos e reconhecer os seus erros. Um
Poder Judiciário sem autocrítica e com medo da verdade é
algo extremamente preocupante para toda a população.
Em homenagem à memória de Patrícia, peço que
retransmitam esta mensagem ao maior número possível de
destinatários.
José Augusto Garcia de Sousa.